sábado, 2 de fevereiro de 2008

Em casa

Estou fechada em casa há 5 dias. Ao todo, estive fora, no máximo, 12 horas e 15 minutos: 9 horas no primeiro dia e 3 no segundo, 10 minutos no quarto e 5 minutos hoje, respectivamente no hospital, no médico, numa corrida à farmácia, e, finalmente para tomar um café e comprar o Expresso.
Ou seja, isto tem vindo a melhorar. Com a evidente diferença do teor da minha saída de hoje em relação às dos dias anteriores, posso ter esperanças de ir passear um dia destes.
O meu tempo tem sido passado a tratar da minha mãe, o que faço com muito gosto. Cházinhos, remédios, a cama, que é preciso refazer, esticar, ajeitar as almofadas… No entanto, tratar, neste caso, significa também ser uma dona de casa zelosa e eficiente: tratar das refeições, arrumar a cozinha, pôr roupa a lavar, estendê-la, apanhá-la, tirar a loiça da máquina, arrumar a loiça, arranjar o tabuleiro, etc, etc… et on recomence... Pelo meio de tudo isto, um destes dias, achei que as cortinas do quarto da minha mãe precisavam de ser lavadas. Para o quarto não ficar sem cortinas enquanto se lavavam, resolvi então lavar as do meu quarto, que são iguais. À noite, persianas fechadas, subi ao escadote – e até num escadote tenho vertigens, tirei as cortinas e substituí-as pelas já lavadas. E a minha Maria, que só volta na 5ª feira...
Quem nunca se queixou de trabalhar fora de casa? Quantas vezes desejámos ficar em casa sem fazer nada ?
Mas é possível ficar em casa e não fazer nada ?
Tenho pensado imensas vezes nestes últimos dias nas desgraçadas das donas de casa que têm de fazer tudo isto e muito mais, que não têm sequer Maria, que têm de tratar de tudo, e mais, muitas vezes, de uma ranchada de filhos, de maridos chatos, machistas, brutos, que não fazem nada em casa e ainda por cima as mal-tratam... Afinal, não é assim tão mau estar aqui. Podia ser bem pior.

E a minha mãe está melhor, graças a Deus.

Ah, é verdade. E ainda arranjei tempo para arrumar papelada que ameaçava ganhar vida própria cá em casa. Odeio papéis. Isto é, só gosto de alguns: cartas de amor e cartas de amigos (cada vez menos comuns por culpa dos e-mails), e papéis brancos ou de cores, intocados, daqueles em que apetece mesmo escrever. Odeio cartas de bancos, de seguradoras, da água e da luz e outras que tais. Em primeiro lugar, significam quase sempre despesas. Em segundo lugar, têm a particularidade fantástica de, na maior parte das vezes, dizerem coisas que o comum dos mortais não percebe à primeira. Já cheguei a ir a uma seguradora com uma carta que recebera de lá, pedir para ma traduzirem para português, dizendo que acho inadmissível que a linguagem utilizada seja tão estupidamente impenetrável. Sinto-me burra de cada vez que me escrevem assim. O que sentirá a minha porteira, que diz IMEN em vez de INEM, se receber uma carta daquelas?

A propósito de papéis, lembrei-me do meu trabalho. Aí sim, tenho de ter os papéis em ordem… Mas só vale a pena pensar nisso na próxima 4ª feira, porque 3ª feira é Carnaval e 2ª também não se trabalha. O patrão deu “ponte”. A empresa está muito bem e recomenda-se: não há défice nem problemas de produtividade.

Obrigada, senhor Dr., por eu não ter de gastar um dia de férias depois de amanhã.

E, já agora, se a empresa fosse sua, mesmo sua, e o senhor fosse mesmo o dono, também havia “ponte”?

3 comentários:

ana v. disse...

O ódio aos papéis é de família, não há dúvida. Eu vou acumulando até eles invadirem tudo e eu ter medo deles, e então lá me disponho a arquivar o que merece tal destino e a deitar fora o resto. Mas odeio estes dias de "arrumações". De toda a ménage que descreves, só gosto de uma única coisa: cozinhar. Fora isso, que adoro, acho que cortava os pulsos se não tivesse quem me fizesse o resto. Eu sei que isto soa mal (tanta gente que não se pode dar ao luxo, etc, etc.) mas é assim mesmo. Se for preciso até faço, mas odeio. Hellas!, a verdade é para ser dita, não é?

Beijinhos e as melhoras da minha tia mais mimada.
Ana

Sofia K. disse...

Ai filha, tanto post... já pareces as primas! A gente volta de fim-de-semana e tem muita coisa para ler... ainda bem!

Do que tu me foste lembrar... da papelada e da roupa... Meu Deus, coisas que se multiplicam aqui em casa! Mas enfim, para a papelada arranjei um caixote e tem ido tudo lá parar, até ao dia em que me der para o voltar do avesso e deitar metade fora... E olha que mesmo as cartas e os postais de Natal ainda estão por aí espalhados... sim que eu faço dessas coisas, de escrever cartas e de mandar postais e depois as pessoas sentem-se na obrigação de retribuir... e fazem bem, que eu gosto muito de abrir a caixa do correio e rasgar um sorriso em vez de ter vontade de deitar lágrimas ao saber que só o banco ou alguma empresa de cobranças me escreve!

beijinhos
p.s. Como está a tua mãe?

MariaV disse...

Já está bem, graças a Deus. Mas foi um cagaço daqueles... Obg. Bj