Pois é. Uma pessoa não aparece um dia (ontem), e já barafustam. Desculpem, sim? Não deu.
Mas deu para ter gostado de saber que alguém sentiu a minha falta.
E posso explicar:
Ontem apanhei um enorme susto: Era a Maria ao telemóvel "Menina, venha depressa. A sua mãe não está bem." Voei para casa, aflita, depois de dizer: "Vou já para aí. Chame o 112."
Graças a Deus era dia de Maria cá em casa. A minha Mãe sentira-se mal logo depois de se levantar. Estava deitada na cozinha, com duas almofadas e uma manta que a Maria fora buscar. Estava muito branca e muito assustada, mas explicou-me o que acontecera. Logo a seguir, chegou o INEM, com dois miúdos, que foram amorosos com ela - até a puseram a rir - enquanto avaliavam a situação, e que a levaram para o hospital. Eu fui atrás, nervosa, a perdê-los nos semáforos.
Entrou na urgência de ambulância, sirene a tocar, tudo. Quando eu entrei, encontrei-a num corredor, numa cadeira de rodas, a falar com o rapaz do INEM. "Hoje não há triagem. Isso depende da equipa que está de serviço. Mas a minha colega está a falar com o médico, a seguir já vêem a senhora e agora, já cá tem a sua filha, já podemos ir embora."
A seguir, em vez de a chamarem, um segurança veio dizer que eu não podia estar ali e que, ou ficava a doente, ou íamos as duas para a sala de espera. Fomos.
Duas horas depois - 2 horas - a minha Mãe de cadeira de rodas, em roupão (porque o INEM não a deixou mudar-se antes de sair de casa), em jejum, ainda na sala de espera apinhada de gente. O Estado paga o transporte em ambulância, com sirene e tudo, para as pessoas chegarem depressa às urgências. O mesmo Estado deposita-as depois numa sala de espera mal cheirosa durante 2 horas…
Quase mais uma hora depois, finalmente, lá foi vista por um médico – depois de eu já ter ido à recepção barafustar, depois de ter ido perguntar ao médico da Triagem, que entretanto já começara a funcionar, o que justificava aquela demora, e depois de eu ter ligado a uma amiga, que tem uma amiga que tem alguém no hospital e que lá moveu influências…
Depois de o médico a ver, a minha Mãe ficou mais descansada, largámos a cadeira de rodas e foi vestir-se numa casa de banho. Muitos exames depois, voltámos para casa, sem saber quase nada, nove horas depois.
É mais um exemplo do país que somos.
O pior é que a Mãe é a minha.
Hoje fomos ao cardiologista dela, para que ele a visse. Afinal é uma virose. Mandou-a para a cama, em repouso. Está com febre, mas bem-disposta.
E agora eu estou a fazer de mãe. De filha da Mãe.
Mas deu para ter gostado de saber que alguém sentiu a minha falta.
E posso explicar:
Ontem apanhei um enorme susto: Era a Maria ao telemóvel "Menina, venha depressa. A sua mãe não está bem." Voei para casa, aflita, depois de dizer: "Vou já para aí. Chame o 112."
Graças a Deus era dia de Maria cá em casa. A minha Mãe sentira-se mal logo depois de se levantar. Estava deitada na cozinha, com duas almofadas e uma manta que a Maria fora buscar. Estava muito branca e muito assustada, mas explicou-me o que acontecera. Logo a seguir, chegou o INEM, com dois miúdos, que foram amorosos com ela - até a puseram a rir - enquanto avaliavam a situação, e que a levaram para o hospital. Eu fui atrás, nervosa, a perdê-los nos semáforos.
Entrou na urgência de ambulância, sirene a tocar, tudo. Quando eu entrei, encontrei-a num corredor, numa cadeira de rodas, a falar com o rapaz do INEM. "Hoje não há triagem. Isso depende da equipa que está de serviço. Mas a minha colega está a falar com o médico, a seguir já vêem a senhora e agora, já cá tem a sua filha, já podemos ir embora."
A seguir, em vez de a chamarem, um segurança veio dizer que eu não podia estar ali e que, ou ficava a doente, ou íamos as duas para a sala de espera. Fomos.
Duas horas depois - 2 horas - a minha Mãe de cadeira de rodas, em roupão (porque o INEM não a deixou mudar-se antes de sair de casa), em jejum, ainda na sala de espera apinhada de gente. O Estado paga o transporte em ambulância, com sirene e tudo, para as pessoas chegarem depressa às urgências. O mesmo Estado deposita-as depois numa sala de espera mal cheirosa durante 2 horas…
Quase mais uma hora depois, finalmente, lá foi vista por um médico – depois de eu já ter ido à recepção barafustar, depois de ter ido perguntar ao médico da Triagem, que entretanto já começara a funcionar, o que justificava aquela demora, e depois de eu ter ligado a uma amiga, que tem uma amiga que tem alguém no hospital e que lá moveu influências…
Depois de o médico a ver, a minha Mãe ficou mais descansada, largámos a cadeira de rodas e foi vestir-se numa casa de banho. Muitos exames depois, voltámos para casa, sem saber quase nada, nove horas depois.
É mais um exemplo do país que somos.
O pior é que a Mãe é a minha.
Hoje fomos ao cardiologista dela, para que ele a visse. Afinal é uma virose. Mandou-a para a cama, em repouso. Está com febre, mas bem-disposta.
E agora eu estou a fazer de mãe. De filha da Mãe.