sexta-feira, 31 de julho de 2009

"Be kind."

O concerto de Leonard Cohen, de ontem, foi memorável. Durante quase três horas, o homem de 74 anos, como só ele sabe, aparentemente envelhecido só por fora, ofereceu-nos, acompanhado pelos seus excelentes músicos e coro, grande parte das suas canções que fizeram história, ou pelo menos fizeram histórias nas vidas de muitos de nós. Para além da música, para além das músicas e das letras, Cohen mostrou ao público emocionado uma coisa que os portugueses parecem ter esquecido: a humildade que só tem quem é verdadeiramente grande.

Mostrou humildade, de todas as vezes que se ia baixando até pousar no chão um dos joelhos e continuava a cantar assim;
E sempre que nos deixou vê-lo de pé, ao microfone, as pernas um pouco bambas, a imagem de um velho como tantos por esse mundo fora;
E ao dar o merecido destaque a cada um dos seus músicos, escolhendo palavras bonitas para os apresentar e baixando depois profundamente a cabeça numa reverência demorada;
Quando disse sentir-se honrado por cantar ali, para nós, ele que, em 50 anos, cantou em todo o lado para milhões de pessoas;
E também quando, amorosamente, nos deu um conselho que foi ao mesmo tempo um pedido, um pedido único de um pai preocupado, aliás a única coisa que pediu ao público: “Be kind”.

Para quem teve a sorte de lá estar, o concerto de ontem pode ter o efeito de uma boa homilia. Pode fazer de nós pessoas melhores. Pode fazer com que passemos a ser mais amáveis, gentis, bondosos, simpáticos, “kind”, enfim. Basta querermos. E pensarmos que Leonard Cohen, o poeta-cantor muito famoso o que acha mesmo importante é que as pessoas sejam “kind” e por isso no-lo pediu. Podia ter-nos pedido palmas, ou que cantássemos com ele, e não o fez. Fizémos tudo isso mesmo sem ele pedir, mas se o tivesse feito, teríamos certamente cantado mais e mais alto e batido ainda mais palmas. Mas não, ele apenas nos pediu “Be kind”.
Com a sua idade e a sua experiência, Cohen aconselha-nos apenas a sermos bons.

Durante aquelas três horas, ele foi um exemplo do que é ser “kind”. E sorriu quase sempre.
Thank you for your kindness, Mr. Cohen.
Tirei fotografias com o telemóvel, mas não consigo descarregá-las. Por isso, tomei a liberdade de usar esta, da Rita Carmo, do BLITZ, devidamente identificada. A propósito, não comentei o concerto propriamente dito, porque o que gostaria de ter dito está precisamente no BLITZ.

12 comentários:

Teresa disse...

Não fui, e tenho muita pena.
Era suposto estar fora nesta altura, não comprei bilhete. Quando soube que afinal estaria em Lisboa era demasiado tarde para arranjar um bom lugar.
Este Senhor faz parte da minha vida como poucos.
Cantou Famous Blue Raincoat?
Beijoo.

MariaV disse...

Sim, cantou essa e quase todas as outras... Perdeste um concerto fantástico, Teresa.
Bjs

Sofia K. disse...

Ó minha Rosa, o concerto foi perfeito!

Top 5!

Memorável, mesmo. Uma lição de vida, uma mensagem de humildade e da bondade, valores que andam muito esquecidos... O senhor Leonardo cantou e encantou, tantas horas... um pavilhão cheio e parecia que estávamos na sala de estar e que ele estava a cantar só para nós.

E adorámos as companhias, claro!

beijinhos

P.S.: Para a próxima convidamo-lo para o prego!!! ;-)

Huckleberry Friend disse...

21 valores. O valor extra é pela companhia. Os do grupo que éramos, os que encontrámos nos corredores, os que comunicaram por sms. Beijinhos, Rossignola!

PS: Teresa, vejo que reviste a tua posição do ano passado... e acho muito bem!

Anónimo disse...
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