segunda-feira, 20 de julho de 2009

Amigos, fãs, ou... "whatever" ou A Insustentável Leveza da Palavra "Amigo"

O Facebook é uma coisa incrível: para além de ficarmos todos a saber quem é amigo de quem, que o Zé tem mais amigos que o Manel, que as amigas da Mariana são giras e que as da Leonor são mais assim-assim, que há gente que acha, ou quer que os outros achem que tem 3427 amigos, ainda tem aquelas coisas dos grupos e das “Causas”. Divulgando-as, ajuda a congregar esforços em prol dessas causas, lembrando-nos que o meramente "social" pode ter uma vertente humanitária, o que é muito positivo.

O FB permite-nos voltar a encontrar gente que perdêramos de vista há anos, desde que saímos do liceu ou da faculdade, desde que mudámos de emprego, ou alguém que simplesmente foi viver para longe ou deixou de passar férias na nossa praia. Ou pessoas que simplesmente mudaram de telemóvel e nunca mais deram sinal de vida, e de quem, para falar verdade, realmente nunca mais quisemos saber, são agora nossos amigos no FB! E isso é um bocadinho bizarro.
Muitas pessoas acham normal ser amigas de outras no FB, para quem, na vida real, fora do écran do lap-top, se estão verdadeira e completamente nas tintas, ou, simplesmente, não conhecem de parte nenhuma. No fundo, no fundo, são mais pessoas, apenas números a somar aos seus outros “amigos”. E ter muitos “amigos” é bom. E se forem "beautiful people" ou tiverem nomes sonantes, melhor ainda. Ou não?

“Amigo”, mas só aqui no Facebook, pode ser uma (ou mais) destas coisas: íntimo, só conhecido, amante, colega de trabalho, mãe do coleguinha da filha lá na escolinha, cliente ou fornecedor de qualquer coisa, mulher ou marido, ou ex-namorada ou ex-namorado, ou ex-marido ou ex-mulher, ou actual namorada ou namorado, grupo ou associação, muito, muito amigo ou só assim-assim, conhecido quase ou mesmo só das revistas do “socialite”, amigo da onça, prima do amigo do outro que é cunhado de uma amiga muito amiga, patrão ou empregado, membro de uma família real (que fica sempre bem), senhorio ou inquilino, cantor ou actriz, etc, etc, etc….

E depois, tem aquela coisa extraordinária dos fãs ou seguidores…
E descobrimos que há pessoas que, do mesmo modo, assumem ser fãs de Caetano Veloso, de soldadinhos de chumbo, Sumol de Laranja, Madre Teresa de Calcutá, imperial e caracóis, sapatos XPTO, ou seguidores de um político que já morreu há anos, e, last but not least, de peças de artesanato do Uzbequistão. Ou de Tony Carreira, música de câmara, Zezé Camarinha, ordens religiosas contemplativas, bebidas com gás e refrigerantes “sem borbulhas”, malhas com borbotos, joaninhas bem encarnadinhas às pintas, e camelos que só têm uma bossa por ser deficientes. Estes podem até acrescentar que são não-fãs de dromedários, animais de que, aliás, vá-se lá saber porquê, não gostam nem um bocadinho.
E ainda permite que recebamos dos nossos "amigos" e lhes ofereçamos, se nos apetecer, os mais diversos presentes virtuais: desde sorrisos a ramos de flores, de bençãos a ursinhos de peluche, abraços ou chocolates, energia positiva, bolos de anos, sei lá, uma panóplia incalculável de "tralha"...
A propósito:
- Ninguém espere que lhe envie uma benção (!) ou... um urso de peluche virtuais, simplesmente porque acho essas coisas disparatadas.
- Aliás, os meus amigos no Facebook, todos eles meus amigos fora da internet, de quem eu gosto, seja por que motivo for, conhecem-me o suficiente para não esperar receber de mim esse tipo de coisas, e sabem que, sempre que me apetecer, lhes mandarei uma mensagem só para saber como estão ou para mandar um beijinho;
- Recuso-me a ser fã ou seguidora de coisas "parvas", mesmo que goste muito delas, como é o caso de chocolate preto ou uma loja, por mais fantásticos que possam ser. Poderei ser fã de um actor, por exemplo, e se aceitar ser seguidora de alguma coisa, que seja de uma causa em que acredito.

Apesar de tudo, o Facebook tem graça quando não há mais nada para fazer, lá isso tem. E é mais rápido do que o blogue, mais fácil de mexer, e mais interactivo. Há mais "movida", enfim.

7 comentários:

Teresa disse...

Áté vou andando pelo Facebook. Aos saltinhos, sem ligar grandemente àquilo. Prefiro o blogue, nisso discordo de ti.

As causas? Desculpa lá, tenho uma (ou será um grupo, ou ser fã?) eternamente pendente. Recuso-me a integrar uma assembleia cuja palavra de ordem é "I Love Tremoços". Nada contra os ditos, por sinal até gosto imens. Mas tenho mais em que ocupar o meu (escasso) tempo livre.

E palavrinha de honra que estou a dizer a verdade. Há mesmo uma agremiação no FB chmada "I Love Tremoços". Está farta de tentar arregimentar-me. Eu faço-me sempre de morta.

João Paulo Cardoso disse...

Já estou incrito em tanta coisa que nem sequer tenho tempo para ir à casa de banho.

Os senhores do Facebook passam a vida a avisar-me que tenho que ir lá actualizar não sei o quê, não sei porquê.

Inscrevi-me um dia, sem motivo aparente, mas continuo a preferir quem conheço fisicamente, cara a cara, apesar da Gripe A.

Além do mais tenho dois blogs, uma participação noutro blog Vidalniano e ainda o Twitter.
Uff...

Beijos.

Mad disse...

Ai, prima, ainda bem que não te mando beijos pela FB! Safa! :)))

Anónimo disse...

Adorei! E deixei-me convencer a entrar nestas andaças depois da nossa conversita na Quinta.
Já agora, acho que uma coleguinha nossa iria gostar de receber uns ursinhos virtuais, não acha???
Bjo
PV

Sofia K. disse...

Os 'amigos' do facebook são um sem número de pessoas que já passaram pela nossa vida, nem que seja só aquela que vimos no outro dia na festa... as causas, os clubes de fãs, coisas que nos dizem algo, que nos apetecem... 'um fino ao fim da tarde' por exemplo! Eu lá vou adicionando... sugus, bolas de neve, tremoços, adamastor...

Para mim, acabam por ser os meus colegas de escritório, já que só tenho os meus livros (e não é coisa pouca) para me entreter. A piadinha aqui, a graçola ali, um olá acolá... Mas muitas vezes marca-se o café de logo à tarde, o teatro de amanhã à noite, reencontram-se amigos de que afinal gostávamos mais do que pensávamos, encontramos família, vemos as fotografias da festa da não sei quantas, quando de outra maneira nunca as veríamos. E assim se passa o dia mais acompanhado...

É um ponto de encontro, de diversão, nas horas de trabalho... ... depois das seis, para mim, é vida real, amigos reais, cervejinhas geladas de verdade...

beijos

MariaV disse...

Ora vamos lá:

Teresa,

Eu não disse preferir o FB ao blogue. Só disse que é mais rápido, mais imediato e mais movimentado. O que me faz impressão no FB é mesmo a instituída leviandade que aligeira conceitos, permitindo misturar causas sérias com a tal "I Love Tremoços", por exemplo. E confesso que, se optasse por aderir no FB a "causas" deste tipo, escolheria esta. Para além de gostar dos ditos, acho graça ao insólito do nome da coisa... Também achei graça ao teu "faço-me sempre de morta". LOL

JP,

Vê se começas a arranjar tempo para ir à casa de banho. Sempre ouvi dizer que adiar faz mal à saúde.

Mad,

Beijos ainda vá que não vá, peluches é que não, pode ser? E eu não mordo, prima!

PV

Ai a "G.... dos Ursinhos", tadita! Pois é isso mesmo. Ela deve adorar este tipo de "presentes" do FB.

Sofs,

Já não se pode não gostar de ursos de peluche? O defeito deve ser meu, miúda: eu não sou da geração Hi5, e são as coisas tipo Hi5 - coraçõezinhos, bonequinhos e quejandos - de que não gosto no FB. Mas é porque não são para a minha idade.
E também não sou suficientemente "santa" para te mandar uma benção...

Bjs para todos e desculpem lá o mau feitio

ana v. disse...

Ena, já tinha saudades de te ler!
Ganda texto, prima.
"Malhas com borbotos"? Looooool

Bjs